Avó de menino morto por suspeita de envenenamento na Grande SP pede justiça: 'Nem que custe meu último dia de vida'
Kátia dos Santos Silva, avó materna de Enzo Gabriel de Oliveira dos Santos Nero, que morreu em 30 de outubro, em Indaiatuba, ficou com o neto nos últimos dia...
Kátia dos Santos Silva, avó materna de Enzo Gabriel de Oliveira dos Santos Nero, que morreu em 30 de outubro, em Indaiatuba, ficou com o neto nos últimos dias de vida da criança. Polícia investiga o caso. Avó de menino que morreu por suspeita de envenenamento conta detalhes sobre o caso A avó materna de Enzo Gabriel de Oliveira dos Santos Nero, de 7 anos, que vivia em Itaquaquecetuba, na Grande São Paulo, pede justiça pela morte do neto por suspeita de envenenamento. A criança morreu no dia 30 de outubro, em Indaiatuba, no interior paulista. "É bem difícil. Quero justiça, quero um retorno. Quero saber o que aconteceu, nem que isso custe meu último dia de vida. Não vai trazer o meu neto de volta, mas quero saber o que aconteceu com ele", disse Kátia dos Santos Silva, avó materna do menino. O g1 teve acesso aos dois boletins de ocorrência sobre o caso. O primeiro foi registrado pelo pai do menino quando a criança desmaiou após passar mal e foi levada ao Hospital Geral de Itaquaquecetuba no dia 27 de setembro. Já o outro foi registrado pela tia materna depois da morte do menino em um hospital de Indaiatuba, menos de um mês depois. Kátia passou os últimos dias de vida do neto Enzo ao lado dele Arquivo Pessoal/Kátia dos Santos Silva A Polícia Civil afirma que aguarda o laudo do IML para confirmação a causa da morte de Enzo. (Veja mais abaixo) ✅ Clique para seguir o canal do g1 Mogi das Cruzes e Suzano no WhatsApp A Secretaria do Estado da Saúde (SES) informou que o Hospital Regional de Ferraz de Vasconcelos e o Hospital Geral de Itaquaquecetuba lamentam o ocorrido com o menor e informam que estão à disposição da família e das autoridades policiais para os devidos esclarecimentos (veja nota completa abaixo). Ao g1, Kátia contou que, no dia em que Enzo foi hospitalizado, ela foi avisada pela avó paterna do ocorrido e viajou até a Grande São Paulo para ficar ao lado do neto no hospital em Itaquaquecetuba. "Fui até a assistência social do hospital para saber o que tinha acontecido, por que ele estava intubado. Mas não me deram resposta. Eles disseram que o hospital tinha acionado a polícia e o Conselho Tutelar [de Itaquaquecetuba]". Na sequência, segundo a avó materna, o Conselho Tutelar orientou o pai do menino a ir até a delegacia registrar um boletim de ocorrência devido ao ocorrido com Enzo. Enzo Gabriel de Oliveira dos Santos morreu por suspeita de envenenamento, em Indaiatuba (SP) Prefeitura de Itaquaquecetuba/Reprodução Kátia explicou que o neto foi transferido para o Hospital regional de Ferraz de Vasconcelos onde teve alta no dia 4 de outubro. Então, a avó materna recebeu uma autorização do Conselho Tutelar de Itaquaquecetuba para ficar com a guarda provisória do menino. Segundo a avó, a criança vivia com ela em Indaiatuba até a morte da filha dela, mãe do garoto, em 2022. Desde então, a guarda da criança era do pai que o levou para viver em Itaquaquecetuba. "Ele não queria ir embora. Ele tinha os primos, escola, irmãozinho em Indaiatuba. A vida dele era aqui". No mesmo dia da alta em Ferraz de Vasconcelos, eles foram para Indaiatuba. E dias depois, o garoto começou a apresentar problemas respiratórios. "Ele passou cinco dias bem. Mas ele começou a ter crises de falta de ar, crises bem feias. Por isso, foram idas e vindas no posto de saúde e hospital daqui. Até encaminharam ele para fazer alguns exames, mas demoraram muito". Kátia disse que as medicações receitadas pelos médicos não controlavam o quadro do neto, que foi enfraquecendo. Por isso, no dia 30 de outubro ela o internou no hospital em Indaiatuba. "Quando ele foi fazer o procedimento da intubação, a médica pediu para rezar. E quando fazem isso, a gente já sabe que não está numa situação fácil. Foi aí que eu comecei a chorar". Minutos depois de ser encaminhado para a UTI, os médicos comunicaram o falecimento de Enzo. Para Kátia, a dor do luto é ainda maior pelo fato dela ter passado os últimos dias de vida do neto ao lado dele. "Estou [vivendo] à base de remédios. Muito calmante. Cada dia mais vou analisando as coisas. O tempo todo ele falava que me amava. Talvez ele soubesse que ia partir", finaliza. Policia investiga morte de menino de Itaquaquecetuba Segundo a Secretaria de Estado da Saúde (SES), o Hospital Regional de Ferraz de Vasconcelos e o Hospital Geral de Itaquaquecetuba lamentam o ocorrido com o menor e informam que estão à disposição da família e das autoridades policiais para os devidos esclarecimentos. A pasta informou que o paciente inicialmente deu entrada no Hospital Geral de Itaquaquecetuba, no dia 27 de setembro, com quadro de saúde grave e parada cardiorrespiratória revertida. "Pela necessidade de internação em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pediátrica, o paciente foi transferido de ambulância, por meio da Central de Regulação de Oferta de Serviços de Saúde (Cross), para o Hospital Regional de Ferraz de Vasconcelos". Ainda de acordo com a pasta, na unidade de Ferraz, durante dois dias, ele ficou sob ventilação mecânica e após esse período, a equipe médica realizou a extubação com sucesso. No dia 4 de outubro, o paciente teve alta hospitalar, com bom estado de saúde. O caso foi notificado às autoridades competentes. O g1 questionou a Prefeitura de Indaiatuba sobre o atendimento direcionado ao menino no Hospital Augusto de Oliveira Camargo. Por nota, a assessoria do hospital informou que "Infelizmente, devido à LGPD, estamos impossiblitados de fornecer informações sobre prontuário médico de pacientes." Detalhes do caso A primeira internação de Enzo foi no Hospital Geral de Itaquaquecetuba onde o pai da criança, Henrique de Oliveira Dias, foi orientado a registrar um boletim de ocorrência. No documento, ele disse que o menino saiu de casa para ir à escola e que, após voltar da aula, passou a se queixar de tonturas e dores de cabeça. Mesmo assim, a criança ainda foi ao apartamento de sua avó, que fica no mesmo prédio, para buscar pilhas. No final da tarde, Enzo piorou e passou a apresentar tremores e fraqueza. Em seguida, o menino desmaiou e foi levado para o hospital, onde segundo o pai, teve de ser reanimado com desfibrilador e levado para a Unidade de Terapia Intensiva. Ainda segundo o boletim de ocorrência, foi expedido uma guia de exame junto ao Instituto Médico Legal (IML) para confirmar suspeitas de intoxicação. O pai foi encaminhado e orientado a apresentar toda a papeleta médica. De acordo com a segunda edição do boletim de ocorrência, do dia 2 de outubro, conselheiras tutelares disseram que foram acionadas pelo Hospital Regional de Ferraz de Vasconcelos, onde foram informadas pelos médicos sobre o quadro de saúde do paciente Enzo. Elas afirmaram que o menino, que havia sido internado com suspeita de intoxicação por envenenamento, restabeleceu a consciência por alguns instantes e disse aos médicos que, pouco antes de sentir-se mal, teria ingerido um refrigerante oferecido pelo próprio pai e que, dentro da bebida, havia um comprimido de cor preta. As conselheiras também informaram que foi constatado pelo exame de sangue que a criança foi intoxicada por chumbinho. O boletim de ocorrência também diz que, na madrugada do dia 2 de outubro, a madrasta de Enzo foi vista no quarto onde ele estava, apertando o pescoço do menino, com o objetivo de asfixiá-lo. Além disso, as conselheiras tutelares afirmaram que compareceram à DDM de Itaquaquecetuba para que providências legais fossem tomadas sobre os fatos, com o relatório médico do hospital onde o menino foi internado. O g1 questionou a SSP se a madrasta foi ouvida pela polícia e se foi detida. E também se é tratada como suspeita. Mas a SSP informou apenas que "a autoridade aguarda o resultado do laudo do IML, em elaboração, para esclarecimento da morte e elucidação dos fatos" e que "detalhes serão preservados por envolver menor de idade". O g1 questionou a SSP sobre mais detalhes do caso. Segundo a pasta, a Delegacia de Defesa dos Direitos das Mulheres (DDM) de Itaquaquecetuba é a responsável pela investigação, por meio de inquérito policial. Enzo, que morreu por suspeita de envenenamento, ao lado da avó Kátia Arquivo Pessoal/Kátia dos Santos Silva O g1 questionou a Secretaria do Estado da Segurança Pública (SSP) se o pai do menino foI ouvido pela polícia e se foi detido. A SSP informou que "todos os fatos relacionados ao caso estão sob investigação, mas os detalhes precisam ser preservados para não impactar o trabalho policial e por envolver um menor de idade." A SSP também informou que o caso é investigado pela Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Itaquaquecetuba, que instaurou inquérito policial, e aguarda o resultado do laudo do IML, em elaboração, para esclarecimento da morte e elucidação dos fatos. A SSP não informou se o pai é tratado como suspeito no caso. O g1 tentou contato com o pai da vítima, mas não houve retorno até a última atualização desta reportagem. A Prefeitura de Itaquaquecetuba emitiu uma nota lamentando a morte do menino, que era matriculado na rede municipal de ensino. “É com profundo pesar que comunicamos o falecimento do estudante Enzo Gabriel de Oliveira dos Santos Nero, do 1º ano - EMEB José Piacentini/Itaquaquecetuba. Neste momento de dor, solidarizamos com a família e amigos”, informa a nota. A Prefeitura de Itaquaquecetuba informou ainda que o Conselho Tutelar III acompanhou o caso para garantir a proteção e assegurar os direitos da criança, conforme estipulado na Lei Federal 8069/90 – Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Ainda segundo a administração municipal, o órgão registrou um boletim de ocorrência para apuração dos fatos e acionou a Promotoria da Infância e Juventude de Itaquaquecetuba. "Diante dos indícios, procedeu-se com o afastamento provisório da criança, conforme o artigo 101 do ECA, que ficou sob a responsabilidade da avó materna." O acompanhamento do núcleo familiar foi solicitado ao Conselho Tutelar de Indaiatuba, onde a avó mora, e o caso está sendo investigado pela polícia. O Conselho Tutelar informou ainda que mantém o sigilo dos atendimentos realizados em conformidade com as diretrizes da Política Nacional de Assistência Social. Assista a mais notícias sobre o Alto Tietê ,